O Mal que Nos Habita: horror e desespero no novo filme de Demián Rugna

Rezar não servirá para nada: o novo filme de Demián Rugna, O Mal que Nos Habita, chega aos cinemas brasileiros dia 01 de fevereiro. Saiba mais sobre a produção.

Às vezes não importa se você acredita no mal… ele acredita em você. Em um lugar isolado do mundo e esquecido por Deus, forças malignas disputam espaço com os seres humanos, possuindo seus corpos, aterrorizando e encerrando suas vidas, e não há ninguém para detê-las.

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O novo filme de Demián Rugna teve seu lançamento oficial no segundo semestre de 2023 no mercado internacional e chegou a tempo de conquistar uma posição de destaque entre os melhores filmes do ano. Cruel, violento e sem nenhum pingo de esperança, O Mal que Nos Habita já se tornou um fenômeno entre a audiência de filmes do gênero.

Saiba mais sobre O Mal que Nos Habita, filme de terror que chega aos cinemas brasileiros dia 01 de fevereiro de 2024.

Quem é Demián Rugna

Demián Rugna no set de Aterrorizados.

Diretor, roteirista e editor argentino, Rugna tem trabalhado em filmes de terror desde 2002. Seus primeiros trabalhos, assim como na maioria dos cineastas contemporâneos, foram através de curta metragens. Um desses curtas, La última entrada, de 2003, viria a se transformar no primeiro longa da carreira do diretor. Mantendo o mesmo nome do curta, a história acompanha um demonologista que abre um portal para o inferno a partir do corpo de um homem.

Nos anos seguintes, Rugna lançaria ainda Malditos sean!, antologia feita em parceria com Fabián Forte, em 2011, que ainda mantém o tom de horror de La última entrada; e No sabés con quién estás hablando, em 2016, que foca mais em ação e comédia do que no cinema de horror.

Imagem do filme Aterrorizados, 2018.

Mas é com seu filme de 2017, Aterrorizados, que Rugna atraiu de verdade a atenção da audiência fora da Argentina. Lançado pela Shudder em 2018 e disponibilizado mundialmente pela Netflix no ano seguinte, Aterrorizados foi um dos melhores filmes de terror que a plataforma adquiriu para seu catálogo. Não demorou muito para que um remake norte-americano fosse pensado. No final de 2018, foi anunciado que Guillermo del Toro tomaria conta ele mesmo da produção do remake.

Demián Rugna e Guillermo del Toro.

Rugna estaria ligado ao remake e, de acordo com entrevista ao site Hammer to Nail, o cineasta estava trabalhando com a produção da versão de Aterrorizados quando teve as primeiras ideias para o que viria a ser O Mal que Nos Habita. Os planos, porém, foram atrasados pela pandemia da Covid-19. Não sabemos em que pé está o projeto de remake, mas O Mal que Nos Habita chegou arrasando nos festivais e estreias internacionais.

Sobre o filme

Os irmãos Jaime (Demián Salomón) e Pedro (Ezequiel Rodríguez) em imagem de O Mal que Nos Habita.

Desde Aterrorizados, Rugna ficou conhecido principalmente por suas escolhas pesadas na direção de seus projetos. Em entrevista ao site Bloody Disgusting, o cineasta relembra que, por causa de seu passado com a música e o heavy metal, ele acabou indo para um caminho mais extremo. “Eu odeio filmes comerciais e odeio músicas comerciais. Eu acho que não tem limite [para o horror] para mim porque não há limite para mim na música.”

Eu estou tentando fazer um mix: ser eu mesmo, mas mostrar uma história que poderia envolver a audiência também. — Demián Rugna

E O Mal que Nos Habita pode ser considerado um filme de extremos. Na história, os irmãos Jaime (Demián Salomón) e Pedro (Ezequiel Rodríguez) são arrastados para uma disputa entre o Mal e a humanidade. Demônios que se esgueiraram em nossa realidade e possuem seres humanos descuidados, autoridades que fecham os olhos para o que está acontecendo, e o esquecimento da própria figura de Deus diante da malignidade que acontece nesse lugar distante do mundo são alguns dos pontos que fazem o longa tão cru em sua essência. O terror mora nesse inimigo invisível, mas muito palpável, que pode te encontrar em sua casa, em meio à sua família, e destruir tudo com o que você se importa.

Três das maiores influências para Rugna nesse processo de criação de O Mal que Nos Habita foram os filmes A Estrada (2009), de John Hillcoat, baseado no livro de mesmo nome de Cormac McCarthy; O Lamento (2016), de Na Hong-jin; e Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio (1981), de Sam Raimi. De forma curiosa, os três filmes podem ser vistos no longa de Rugna, ainda que seu filme seja extremamente original.

Essa originalidade vem, talvez, do ponto mais importante para o roteiro do filme: Deus se esqueceu de sua criação. Enquanto demônios possuem corpos, não há quem possa ajudar, pois a religião simplesmente não existe mais. As igrejas estão fechadas, e o local onde se passa a história está literalmente abandonado por aqueles que deveriam cuidar das almas de seus habitantes. Rugna explica que isso foi uma questão decisiva para ele. A intenção era justamente retirar aquilo que faz as pessoas acreditarem.

(…) Foi simples porque eu matei a igreja. Quando você pensa no filme O Exorcista, a igreja é a solução. Agora nós descobrimos que não há mais igreja, não há mais religião, uma coisa que poderia nos ajudar. — Demián Rugna

Confira o trailer do filme abaixo.

*

Sem religião, sem fé, sem esperança, O Mal que Nos Habita nos força a olhar para o fundo do abismo do desespero. Não há para onde correr. Se você gosta dos filmes de terror mais cruéis e violentos, essa dica é para você. O filme estreia dia 01 de fevereiro nos cinemas brasileiros. E aí, vai encarar? Comente com a Macabra no Twitter e Instagram.

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Acordo cedo todos os dias para passar o café e regar minhas plantas na fazenda. Aprecio o lado obscuro da arte e renovo meus pactos diariamente ao assistir filmes de terror. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.