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Como True Detective: Terra Noturna está conectada à primeira temporada?

Série traz de volta referências a O Rei de Amarelo

31/01/2024

ATENÇÃO: ESSE POST CONTÉM SPOILERS DE TRUE DETECTIVE

Se você está assistindo a True Detective: Terra Noturna, quarta temporada da série concebida por Nic Pizzolatto, é bem provável que já tenha passado por alguns momentos de “eu entendi essa referência” ou “está tudo conectado”. Tudo isso porque nos primeiros episódios a série deu pistas de possuir uma conexão com a primeira temporada, que estreou há dez anos.

Em qualquer série normal, essas conexões seriam mais do que esperadas, mas desde 2014 cada temporada de True Detective se dedica a uma história solo, que independe dos acontecimentos de outras temporadas. Na terceira ainda houve uma menção ao caso da primeira, mas não passou muito disso e o fato serviu mais como easter egg mesmo.

Já em Terra Noturna, a ligação entre as duas histórias vai além, o que deixou os fãs ainda mais atentos. Há até teorias de que os acontecimentos da nova temporada possam alterar o nosso entendimento do desfecho do caso investigado por Rust (Matthew McConaughey) e Marty (Woody Harrelson).

Espirais por toda parte

Provavelmente o primeiro ponto de conexão que te saltou aos olhos assistindo a Terra Noturna foi quando as espirais começaram a aparecer. Elas surgiram tímidas já no trailer, com Danvers dispondo fotos nesse formato, mas deixaram sua marca quando apareceu tatuada no corpo de uma vítima de homicídio — violento, bizarro, como o manual de True Detective pede.

Para quem se lembra da primeira temporada, a primeira vítima encontrada por Rust e Marty, abandonada em uma árvore e adornada com chifres de cervo, também possuía uma espiral no corpo, mais precisamente nas costas. A única diferença é que o sentido da espiral está invertido quando comparado à primeira temporada.

Além das marcas nas vítimas, o símbolo também aparece de maneiras um tanto sobrenaturais, como quando Rust observa uma revoada de pássaros. Usados pelo culto demoníaco dos Tuttle para representar sua conexão com o Rei de Amarelo, os símbolos reaparecem em Terra Noturna no assassinato de Annie K, no caso dos cientistas desaparecidos (e ressurgidos no “picolé de cadáveres”) e no trailer onde um deles se encontrava com Annie.

A conexão das espirais com a crença de uma vida após a morte sinistra une-se à aparição de um misterioso personagem nos eventos de Terra Noturna: Travis Cohle. Será que o espírito dele poderia estar ligado a esses símbolos?

A misteriosa ligação familiar

Ok, as espirais poderiam ser mera coincidência ou servirem apenas como easter egg para fisgar os fãs que lamentam até hoje o fato de nenhuma outra temporada ter chegado aos pés da estreia de True Detective. Mas a existência de Travis Cohle, ainda que póstuma, cria um elo inegável entre as duas temporadas, colocando-as no mesmo universo.

travis cohle true detective — HBO/Reprodução

O nome não engana, Travis Cohle é o pai de Rust Cohle. Durante os interrogatórios da primeira temporada, ambientados em 2012, ele fala sobre ter se mudado para o Alasca com Travis após a separação dos pais. Ou seja, a conexão com o estado não surgiu do nada. Rust até explica que mais tarde saiu de lá, mas que o pai permaneceu.

Em Terra Noturna descobrimos que Travis tinha uma companheira chamada Rose (Fiona Shaw), que esteve com ele até seus últimos dias, quando o pai de Rust recusou continuar com a quimioterapia. Na primeira temporada, Rust usa como desculpa uma visita ao “pai com leucemia” no Alasca, quando na verdade estava seguindo uma pista do caso no Texas. Os policiais que o interrogam até comentam que não havia nenhum registro de leucemia para Travis Cohle.

Mais para frente, já em 2012, ele diz que desde a investigação de 1995 passou oito anos no Alasca visitando o pai. Mas também não temos certeza se isso é verdade, porque sabemos que Rust passou os últimos anos obcecado pelo culto do Rei de Amarelo. Se for verdade, é possível que ele tenha conversado com o pai sobre as espirais e as ligações com o culto, o que deixaria a ligação entre as histórias ainda mais forte.

rust cohle true detective — HBO/Reprodução

Nova temporada, velhos vilões?

Outro fato que não pode passar despercebido é o nome da família Tuttle ter aparecido novamente em True Detective. Nosso primeiro contato com eles foi na primeira temporada, quando soubemos apenas que se tratava de uma família poderosa, com conexões que iam da política à igreja.

No fim das contas, os Tuttle eram os verdadeiros vilões, estando por trás do diabólico culto ao Rei de Amarelo. Porém, Rust é uma das únicas pessoas que tem noção da extensão do poder da família e suas ramificações.

Em Terra Noturna, descobrimos que a estação de Tsalal, dos pesquisadores desaparecidos, foi fundada por uma empresa de fachada da família Tuttle. Dada a importância do clã na primeira temporada, isso não poderia ser apenas uma coincidência. E mais: será que os Tuttle possuem alguma ligação particular com os Cohle? Afinal, estamos falando de uma nova incidência entre as duas famílias em um estado diferente. Queremos respostas!

O Rei de Amarelo pode estar no centro de tudo?

O culto ao Rei de Amarelo teve um papel importantíssimo na primeira temporada de True Detective. A referência vem da obra de Robert W. Chambers, publicada pela Caveira sob o selo Sociedade Secreta. O Rei de Amarelo é uma coleção de contos com personagens e situações que possuem algo em comum: o tal do Rei de Amarelo.

Nessas histórias, O Rei de Amarelo é um livro misterioso e perigoso, capaz de enlouquecer qualquer pessoa que se atrever a lê-lo. A obra dentro da obra é uma forte influência na cultura pop até os dias de hoje, tendo inspirado elementos do horror cósmico de Lovecraft, jogos de RPG e, é claro, produções como True Detective.

Vários elementos da primeira temporada nos levaram a acreditar que o caso teria alguma conclusão sobrenatural, dadas as espirais que apareciam em ambientes naturais, as visões de Rust e a onipresença do misterioso Rei de Amarelo. Porém, o desfecho se mostrou mais pé no chão, com vilões reais, e não alguma entidade sobrenatural orquestrando tudo.

Já em Terra Noturna as coisas parecem estar caminhando para algo mais inexplicável mesmo. Tem o desaparecimento dos cientistas, o fantasma de Travis Cohle e Rose dizendo que o símbolo da espiral “é mais antigo que o próprio gelo”.

Já tivemos, inclusive, nosso primeiro personagem aparentemente possuído, após ter sido resgatado do blocão de gelo. Porém, como Ennis tem seus próprios demônios para enfrentar — toda a situação relacionada à mina deve se desenrolar bem —, é possível que isso esteja mais conectado ao folclore dos povos nativos do local do que a Carcosa.

Caso a conexão das espirais com o Rei de Amarelo se confirme, isso pode mudar até mesmo o nosso entendimento da primeira temporada. O aspecto sobrenatural se confirmaria e o verdadeiro vilão seria uma entidade muito mais poderosa do que uma família influente. Não sei vocês, mas eu estou torcendo para que seja isso mesmo.

1 Comentário

EDUARDO

4 de fevereiro de 2024 às 19:43

EDUARDO

4 de fevereiro de 2024 às 19:43

Acho provável o aparecimento do próprio Rust nesta temporada, tendo em vista a obsessão característica do detetive que não conseguia deixar casos não solucionados para trás.

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