Baseado em um caso real: curiosidades de O Exorcismo de Emily Rose

Inspirado na história de Anneliese Michel, O Exorcismo de Emily Rose continua assombrando os fãs de terror desde o seu lançamento em 2005. Confira algumas curiosidades da produção.

Em uma corte, um julgamento estranho acontece. O réu é um padre, e ele está sendo acusado de negligência no caso de assassinato de uma jovem após um exorcismo. Ao longo da história, acompanhamos os desafios da advogada de defesa do padre Moore (Tom Wilkinson), Erin Bruner (Laura Linney), uma advogada em ascensão que só quer terminar o caso o mais rápido possível para poder avançar em sua carreira. Mas o padre Moore tem suas vontades sobre o que aconteceu, e ele quer contar a verdadeira história de Emily Rose (Jennifer Carpenter).

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Dirigido por Scott Derrickson — diretor de A Entidade (2012), O Telefone Preto (2021), entre outros —, que trabalhou no roteiro ao lado de Paul Harris Boardman, O Exorcismo de Emily Rose foi inspirado no caso real que aconteceu na Baviera nos anos 1970, onde a jovem Anneliese Michel faleceu após uma série de exorcismos conduzidos principalmente pelos padres Ernest Alt e Arnold Renz — que contaram com a ajuda de outros religiosos católicos. 

O caso de Anneliese chamou a atenção do mundo inteiro quando os dois padres, além dos pais da jovem, foram levados a julgamento. Sendo uma situação tão curiosa, vários estudos teológicos e socioculturais foram feitos. Dentre eles, e o que foi utilizado em maior parte para a produção do filme de Derrickson, está o livro Possessão, de Felicitas D. Goodman, pesquisadora de religiões, suas tradições e linguagem, que é lançado pela primeira vez no Brasil pela Macabra em parceria com a DarkSide Books.

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Desde seu lançamento, O Exorcismo de Emily Rose chama a atenção dos fãs de terror graças ao conteúdo em que foi baseado. Um filme com origens em casos reais costuma chamar a atenção dos fãs do gênero, mas toda a repercussão do caso de Anneliese Michel e todas as consequências aos envolvidos tornaram tudo ainda mais sombrio. Mistérios envolvendo a produção, afirmando que as fitas retiradas do exorcismo real foram utilizadas nos créditos do filme, pipocaram em fóruns e na divulgação boca a boca. 

A Macabra selecionou alguns detalhes e curiosidades da produção para os leitores que têm coragem de encarar essa história.

A escolha de Jennifer Carpenter

Antes de O Exorcismo de Emily Rose, Jennifer Carpenter ainda não havia adentrado no universo dos filmes de terror e suspense. Seus filmes anteriores de maior sucesso foram D.E.B.S.: As Super Espiãs e As Branquelas, ambos de 2004. Alguns meses antes da produção de Derrickson, Carpenter esteve no suspense Lethal Eviction, que teve um lançamento reduzido nos Estados Unidos e não foi lançado em muitos países. 

Porém, depois de O Exorcismo de Emily Rose, outras portas no universo do macabro se abriram para Carpenter. De 2006 a 2013 — retornando para o revival da série entre 2021 e 2022 —, esteve em Dexter, como a irmã do serial killer Debra. Em 2008, a atriz estrelou o remake norte-americano do filme espanhol [Rec], Quarentena, no papel protagonista de Angela Vidal.

Scott Derrickson e Jennifer Carpenter no set de O Exorcismo de Emily Rose

Apesar da pouca experiência com o gênero, a escolha de Jennifer se deu por sua audição, que, de acordo com o que contam os diretores responsáveis, foi extremamente assustadora. Na audição, Jennifer utilizou a cena do “grito silencioso”, e foi essa cena que convenceu Derrickson que a escolha da atriz era acertada. Para se preparar para o papel, Jennifer Carpenter passou algum tempo em uma sala com espelhos tentando descobrir quais caretas e formas de usar seu corpo eram as mais aterrorizantes. Apesar de Derrickson ter planejado diversos efeitos especiais para as cenas de possessão e exorcismo, quase nenhum deles foi necessário: a maioria do que vemos em cena é o próprio trabalho corporal de contorção da atriz.

Acontecimentos estranhos no set

Maldições em sets de terror acontecem. Já ouvimos falar dos casos de Poltergeist, O Bebê de Rosemary e O Exorcista. A série Cursed Films, criada por Jay Cheel, está aí para provar que muitos foram os filmes que sofreram com situações infelizes — causadas pelo sobrenatural ou não. Em O Exorcismo de Emily Rose as coisas não poderiam ser diferentes.

Aparentemente, ao longo das filmagens, as vítimas favoritas dos acontecimentos estranhos foram Laura Linney e Jennifer Carpenter. Linney conta que, durante os dias em que esteve envolvida com O Exorcismo de Emily Rose, várias vezes sua TV ligava sozinha. Já Carpenter foi acordada diversas madrugadas com seu rádio ligando e tocando a música “Alive”, do Pearl Jam, tocando repetidas vezes o verso “I’m still alive”.

As inspirações para o filme

O Exorcismo de Emily Rose é, sim, inspirado no caso real. Mas outras inspirações também fazem parte do repertório de Scott Derrickson e dos produtores do filme, relacionados à forma como o filme foi gravado e até mesmo como foi pensado.

Além de um filme de terror, O Exorcismo de Emily Rose é um filme de tribunal. Há um julgamento acontecendo, e apesar do destino e da situação de Emily Rose serem partes fundamentais da trama, a história transcorre a partir da advogada que está cuidando do caso e do padre Moore, que são, afinal de contas, os protagonistas. Estamos vendo tudo sob a perspectiva do padre, e estamos acompanhando as táticas empregadas pela defesa para que ela ganhe o caso.

Outro ponto que Derrickson sempre deixou claro ao longo dos anos é que ele queria que o filme levantasse questões para quem o assistisse. Derrickson é cristão, mas Paul Harris Boardman, o roteirista, é cético, e foi escolhido por Derrickson exatamente por esse motivo: o cineasta queria que houvesse um equilíbrio entre a crença e a razão no filme — semelhante às discussões entre Richard Donner e David Seltzer ao se unirem para trabalhar em A Profecia. Aqui, entretanto, Derrickson realmente queria que as pessoas decidissem por si em que acreditariam.

Para isso, os produtores afirmam que se inspiraram no filme Rashomon (1950), de Akira Kurosawa. No filme, acompanhamos uma mesma situação por quatro pontos de vista distintos, em que cada personagem apresentando a história, traz um elemento diferente ao que está sendo dito. 

Além de Rashomon, outros dramas de tribunal como O Veredicto (1982) e Anatomia de um Crime (1959) foram assistidos pela equipe. Já para a preparação de Jennifer Carpenter, Derrickson sugeriu O Martírio de Joana D’Arc (1928). O próprio Derrickson, também, afirma que um cineasta importante que serviu de influência para sua forma de filmar O Exorcismo de Emily Rose foi Dario Argento.

Após o lançamento

O filme fez um sucesso razoável quando foi lançado. Com orçamento de $19 milhões de dólares, fez $145 internacionalmente. Entretanto, não foi o sucesso esperado por Scott Derrickson.

Mesmo assim, o filme recebeu críticas positivas, como a de Roger Ebert, famoso crítico de cinema que não costuma apreciar os filmes de terror. Ebert disse que o filme era intrigante, e seu roteiro era inteligente. 

Indiscutivelmente, porém, foi o sucesso feito através do boca a boca entre os fãs de terror. Lançado em um momento em que a internet ainda não era amplamente acessível, o filme sobreviveu na mente dos fãs e, mesmo aqueles que não são o público-alvo do gênero, acabaram ouvindo falar dele. Isso demonstra que o filme rompeu a bolha do que era esperado, e segue sendo visto e comentado.

O livro definitivo sobre o caso

A Macabra Filmes, em parceria com a DarkSide Books, lança o livro Possessão, a obra escrita por Felicitas D. Goodman que conta a história real de Anneliese Michel. O livro da pesquisadora chega aos leitores brasileiros em uma edição especial com capa dura e uma matéria sobre o filme de Scott Derrickson, em uma contribuição escrita por Gabriela Müller Larocca, do podcast República do Medo.

Possessão pode ser adquirido na Loja Oficial da DarkSide Books. Ansioso para conferir? Comente com a Macabra no Twitter e Instagram.

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Acordo cedo todos os dias para passar o café e regar minhas plantas na fazenda. Aprecio o lado obscuro da arte e renovo meus pactos diariamente ao assistir filmes de terror. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.